quarta-feira, 28 de outubro de 2009

O melhor, da melhor

Força é ver, dar os olhos à tapa, dissecar, enxugar, estripar, esquartejar a imagem com o par de bolitas, até que reclamem, chorem ou fechem. Ver é de dentro pra fora, pois o contrário é nada, talvez só inércia, fraqueza. Não, força é ver. Com olhar que constrói medo, monstros e contrastes pro bonito. Com olhar que desperta antes do corpo, que traduz o relógio e desperta o pé que sai andando. Força é ver. Fraqueza é lembrar. Lembrar edita, enquanto aos olhos é ao vivo, sem coxias ou camarins. Ver assim, de dentro pra fora, é vasto – ilimitado. E cabe sempre mais, porque força é ver e ver tem força, toda. O que imagino me deixa fraca. Tão amplo, tão vasto, tão como eu quero. Pra quê? Vai chegar a força, vai chegar a hora de ver, e não vai ser nada disso – só vai ser o que é, nada além do que se vê. Condensado em pouca informação, vai ser tenso, sem a fraqueza da minha imaginação que pode tudo. Forte, forte demais.

[A minha e só minha, Cláudia Linck]

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